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O ilustre, Leopoldo Rassier

Muito interessante é conversar com as pessoas com mais tempo de vida, elas sempre procuram demonstrar os valores tradicionais que foram criadas, outra época talvez. Numa dessas conversas ouvi uma verdadeira declaração de respeito por este representante da cultura gaúcha:


Leopoldo Rassier (1936-2000), gaúcho de Pelotas, advogado, poeta, compositor e cantor nativista. Criado em estância, campeiro de pé no estribo, defensor das tradições nativistas gaúchas, com sua voz inconfúdível e a qualidade de suas composições tornou-se um símbolo da Califórnia da Canção Nativa. Quem o conhecia afirma ter sido homem de grande bondade.
Recentemente, tive este testemunho de uma pessoa muito próxima sobre o momento que recebeu um resultado profissionalmente ruim de uma longa peleia, quando, então, lembrou-se da canção de Leopoldo “Não Podemos Se Entregar Pros Homens”, e sorriu, cantou, lembrando a que veio: Apesar das dificuldades que encontramos, e elas podem ser muitas, não devemos desistir. Essa 'insistência' figura como virtude de valentia no peito de quem luta. Tantos irmãos solitários na luta diária do trabalho, passa despercebido seu maior mérito: de continuar seguindo em frente, desde piá, passando por cima dos medos e tomando as rédeas do seu 'eu'.
É de grande valor relembrar isso tudo, pois com lança, cavalo e no peitaço, que foi implantada as fronteiras dos pampas gaúchos. Com este mesmo empenho e a liberdade no horizonte, levamos nossas tradições ao longo da evolução dos anos, sustentando com ela nossa nação.
Desta tradição tão forte que, por aqui, torna-se inegável reconhecer o sentimento de amor à pátria que enche o coração dos habitantes dessa querência. Sobretudo, demonstrado na forma típica cultural aquilo que fazem melhor e que grande valor tem aos olhos dos que apreciam a música, a prosa e a união estes rituais fortalecem.
Veja uma de suas apresentações: "Não Podemos Se Entregar Pros Homens"

Tatuagem - Elis Regina

Elis Regina (1945-1982), cantora, nascida em Porto Alegre - RS. Além da sua voz e estilo inconfundíveis, Elis também foi crítica da ditadura brasileira (durante os chamados Anos de Chumbo), quando muitos músicos e artistas foram perseguidos e exilados.
Participou numa série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, um dos quais a campanha pela Anistia de exilados brasileiros. Encabeçou um importante movimento, referente aos direitos dos músicos brasileiros e foi presidente da ASSIM – Associação de Interpretes e Músicos.
Sua carreira brilhante na Música Popular Brasileira possibilitou a interpretação de obras marcantes, como esta, que nos chega amplamente acessível graças ao YouTube.


Neste ato, a querida "Pimentinha" interpreta na TV Bandeirantes em 1976, acompanhada do piano de César Camargo Mariano, a  música de Chico Buarque e Ruy Guerra feita para uma peça de teatro chamada Cabalar censurada pela ditadura em 1973.
Sobre a peça teatral, intitulada "o elogio da traição", foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. Teria sido uma das mais caras produções teatrais da época, custando cerca de trinta mil dólares e empregava mais de oitenta pessoas.
Devido à censura, somente seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura. Posteriormente, publicada em livro no ano de 1994, pela editora Civilização Brasileira, tendo sido editada novamente em 23 edições.
Penso que em muitos momentos difíceis nos vem a lembrança de bons momentos, pessoas que amamos, e isso certamente nos move a superação. Gosto muito destas músicas que Chico faz para o feminino, de certo modo não deixam de ser sentimentos comuns às mulheres que ele aproveita para devolver a elas em seus versos.
Quando há a identificação com uma intérprete, tal como Elis, dá nisso: uma canção profunda e rica em verdade. Sei que não devemos trazer o amor ao campo da razão, mas como negar o poder de convencimento à ação que ele faz. Poder-se-ia compará-lo a loucura que mesmo assim seria mais próximo.
Por dar imenso valor que compartilho este momento convosco.