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Sepé Tiaraju, herói brasileiro.

Sepé Tiaraju


Nascido em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, foi batizado com o nome latino cristão de Joseph. Também conhecido como Sepé, por ser um bom combatente e estrategista, tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileiras e espanholas na chamada Guerra Guaranítica.

Os jesuítas foram catequizadores que não domaram nem dominaram os índios, se associaram na cultura nativa e inseriram a religiosidade branca e auxiliaram no desenvolvimento das aptidões culturais do povo americano. A paz foi construída através do trabalho comunitário e cooperativo.

Esses guerreiros, homens e mulheres, voltaram suas vidas para a educação, a cultura e a auto alimentação. Dá pra imaginar índio imprimindo livro, fundindo o ferro e produzindo sinos e objetos sacros há trezentos anos no sul deste país? Fabricavam instrumentos musicais, inclusive violinos onde expressavam suas produções musicais.

Sepé Tiaraju era corregedor - espécie de prefeito - da Redução Jesuítica de São Miguel, eleito pelos índios guaranis, quando da assinatura do Tratado Madri, em 1750, pelo qual os reis de Portugal e Espanha trocavam os Sete Povos das Missões pela Colônia do Sacramento, obrigando cerca de 50 mil índios cristãos a abandonarem suas cidades, igrejas, lavouras, fazendas, onde criavam dois milhões de cabeças de gado e, principalmente, a abandonarem as terras de seus ancestrais. Insurgindo-se contra esse tratado, Sepé liderou a resistência dos índios guaranis, pronunciando a famosa frase: “Esta terra tem dono”.

Morreu em 7 de fevereiro de 1756, enfrentando tropas portuguesas e espanholas no local chamado Batovi, hoje cidade de São Gabriel. Três dias depois, mil e quinhentos índios foram trucidados na batalha do Caiboaté. Poucos meses depois, nada mais existia do sonho missioneiro de uma sociedade cristã.

Mas o povo do Rio Grande do Sul, por sua própria conta, canonizou o herói guarani missioneiro como São Sepé, nome dado ao arroio, à margem do qual passou sua última noite, na atual cidade de São Sepé.

No ano de 1979, mais de dois séculos depois, a UNESCO, organismo das Nações Unidas para Educação e Cultura, tombou as Ruínas de São Miguel Arcanjo como Patrimônio da Humanidade. O consultor da UNESCO, quando visitou o Brasil para conhecer as ruínas de São Miguel, afirmou que a importância da obra é a mesma que possuem aquelas do Coliseu, na Itália, ou da Acrópole, na Grécia. Por isso, o sítio foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial Cultural, em 1983, por respeitar o seguinte critério: ser um exemplo excepcional de um tipo de edifício ou de conjunto arquitetônico que ilustra uma etapa significativa da história da humanidade.
 

Livro de Aço -  O livro dos Heróis Nacionais

O nome do índio missioneiro rio-grandense-do-sul, Sepé Tiaraju, é a 11ª inscrição no Livro dos Heróis Nacionais. Deu-se para assinalar a passagem dos 250 anos de sua morte. Desde novembro de 2005, Sepé Tiaraju já constava como herói guarani declarado pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.

No dia 22 de setembro de 2009, o presidente da República em exercício, José Alencar, sancionou lei que inscreve o nome de Sepé Tiaraju no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Recentemente a Câmara dos Deputados em Brasília lançou o livro "Sepé Tiaraju – Herói Guarani, Missioneiro, Rio-Grandense e agora herói brasileiro", que divulga a saga dos Sete Povos das Missões e, especialmente, a participação de Sepé Tiaraju na defesa das terras guaranis diante dos exércitos de Portugal e Espanha.

Clique para baixar o livro da Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados.