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Pixinguinha, em dobro.


Alfredo da Rosa Viana Filho, o "Pixinguinha" (1897-1973), nascido no Rio de Janeiro capital, filho caçula de 14 (quatorze) irmãos, por forte influência do pai, flautista, tornou-se músico instrumentista, compositor, orquestrador e maestro, diplomou-se em 1933 em Teoria Musical no Instituto Nacional de Música. Ganhou o famoso apelido de uma prima cujo significado é "menino bom". É considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, com referências aos sons afro-brasileiros e africanos.

Apresento-lhes a versão mais fiel, a meu ver, da célebre canção "Rosa" de Pixinguinha, composta originalmente em 1917, mas que veio a ser amplamente conhecida em 1937 por Orlando Silva. É claro, não há de se esquecer outras interpretações modernas, como no dueto de Andre Mehnari e Ná Ozzetti (clique para ver), que enriquece a versão com as notas do piano.



Para não perder o ritmo, apresento-lhes do mesmo modo, uma das canções mais conhecidas popularmente no Brasil: "Carinhoso". Pixinguinha compôs entre 1916/1917, letra de João de Barro, após gravada em 1937 por Orlando Silva. Alguns contemporâneos de Pixinguinha afirmam que ele teria criado o Carinho para uma mulher cantar em um certo teatro. Há de se recordar as renovações desta canção quase centenária, em versões como a de Marisa Monte (clique para ver).



OBS: Comemora-se no dia 23 de abril o Dia Nacional do Choro, em homenagem ao nascimento de Pixinguinha.

Amigos, sua vez.



Em 2003, Ben Harper e Jack Johnson, gravaram esta versão da musica de Bob Marley, "High tide or Low tide", é tocante a preocupação que ambos tiveram em demonstrar a letra que nos fala: em manter a amizade independentemente do que aconteça, reconhecendo que seja "na maré alta, ou na maré baixa eu estarei ao seu lado".
Dedico àqueles Amigos que acompanham, cegamente, seus Amigos, ou àqueles que possuem dentro de si a fibra moral necessária para manter uma amizade sincera, muitas vezes sofrendo calados com as mudanças que ela trás. Fique certo que você, Amigo, é o segundo pilar que sustenta o Ser, e na acepção mais ampla do termo, é em si que reside o amor. São estas minhas considerações mais elevadas a vocês. 

Deixando o pago - Vitor Ramil

Os versos abaixo foram escritos pelo poeta João da Cunha Vargas (1900-1980), natural do Alegrete/RS, homem das lides campeiras, poeta que jamais escreveu seus versos - consideradas poesias brotadas em estado de pureza -, tendo guardado-os sempre na memória.
Vitor Ramil, compositor, cantor e escritor gaúcho, natural de Pelotas/RS, já musicou quase toda a obra de João da Cunha Vargas, registrou em magnífica harmonia o poema Deixando o Pago (a palavra Pago é, para o natural do Rio Grande do Sul, seu lugar de nascimento, sua região natal, etc.).

Acompanhe o poema ouvindo a música, certamente irá gostar.


"Alcei a perna no pingo
E saí sem rumo certo
Olhei o pampa deserto
E o céu fincado no chão
Troquei as rédeas de mão
Mudei o pala de braço
E vi a lua no espaço
Clareando todo o rincão

E a trotezito no mais
Fui aumentando a distância
Deixar o rancho da infância
Coberto pela neblina
Nunca pensei que minha sina
Fosse andar longe do pago
E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china

Sempre gostei da morena
É a minha cor predileta
Da carreira em cancha reta
Dum truco numa carona
Dum churrasco de mamona
Na sombra do arvoredo
Onde se oculta o segredo
Num teclado de cordeona

Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor
E sinto um perfume de flor
Que brotou na primavera.
À noite, linda que era,
Banhada pelo luar
Tive ganas de chorar
Ao ver meu rancho tapera

Como é linda a liberdade
Sobre o lombo do cavalo
E ouvir o canto do galo
Anunciando a madrugada
Dormir na beira da estrada
Num sono largo e sereno
E ver que o mundo é pequeno
E que a vida não vale nada

O pingo tranqueava largo
Na direção de um bolicho
Onde se ouvia o cochicho
De uma cordeona acordada
Era linda a madrugada
A estrela d’alva saía
No rastro das três marias
Na volta grande da estrada

Era um baile, um casamento
Quem sabe algum batizado
Eu não era convidado
Mas tava ali de cruzada
Bolicho em beira de estrada
Sempre tem um índio vago
Cachaça pra tomar um trago
Carpeta pra uma carteada

Falam muito no destino
Até nem sei se acredito
Eu fui criado solito
Mas sempre bem prevenido
Índio do queixo torcido
Que se amansou na experiência
Eu vou voltar pra querência
Lugar onde fui parido"